Ucrânia, uma colônia ocidental?

 

Ucrânia, uma colônia ocidental?

Por Hedelberto López Blanch*

Extraído de Cuba en Resumen

* Jornalista cubano. Escreve para o diário Juventud Rebelde e o semanário Opciones. Autor dos livros “La Emigración cubana en Estados Unidos”, “Historias Secretas de Médicos Cubanos en África” e “Miami, dinero sucio”, entre outros.

 Ilustração: Adán Iglesias Toledo.

 Tradução: Marcia Choueri.

       O regime da Ucrânia, depois de seguir as ordens do governo estadunidense anterior, de Joe Biden e dos milionários dirigentes da União Europeia, para tratar de debilitar a Federação da Rússia mediante uma guerra, enfrenta agora a situação de um Estado completamente endividado, debilitado, dessangrado e com a quase certeza de se converter em uma colônia de Washington e das potências ocidentais.
            A Ucrânia praticamente foi usada como a ponta de lança das potências ocidentais para enfrentar a Rússia, e seu presidente, Vladimir Zelenski, com seus ares de prepotência, deixou-se levar pelos cantos de sereia que profetizavam ao país um futuro promissor como potência europeia, e a ele, enriquecer-se com a guerra.

       Documentos recentemente desclassificados pelo Arquivo de Segurança Nacional dos Estados Unidos indicam que as autoridades estadunidenses, já em 1994, começaram a planejar em segredo a entrada da Ucrânia na OTAN. Ou seja, quase imediatamente após a desintegração da URSS.

       «Deve-se manter a possibilidade de que a Ucrânia e os Estados bálticos ingressem na  OTAN; não devemos mandá-los a uma zona cinza ou a uma esfera de influência russa», destaca um dos documentos.

       Na reunião de Cúpula da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) efetuada em Istambul em 1999, firmou-se uma declaração política que expressou: “nenhum Estado pode fortalecer sua segurança à custa da segurança dos demais”. Isto também foi flagrantemente violado.

       Depois se infringiram os Acordos de Minsk, assinados em 12 de fevereiro de 2015, segundo os quais devia-se pôr fim ao conflito na Ucrânia e regular o status do Donbass. A Alemanha e a França reconheceram, há dois anos, que o verdadeiro objetivo dos acordos foi dar tempo para que a Ucrânia reforçasse seu exército, proporcionando-lhe armas e ignorando todos os crimes cometidos por Kiev no Donbass.

       Ante essa situação de cerco de suas fronteiras pela OTAN, a Rússia não tinha outra alternativa, senão iniciar a Operação Militar Especial para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia.

       Nos três anos transcorridos desde o início do conflito, segundo o Instituto de Economia Mundial de Kiel, da Alemanha, os Estados Unidos e a União Europeia entregaram todo tipo de armamentos e ajudas a Kiev, por 270.000 milhões de dólares. Washington sozinho facilitou-lhe mais de 132.000 milhões, que agora quer recuperar.

       Depois da humilhação pública que o presidente Donald Trump infligiu a Vladimir Zelenski, durante uma reunião na Casa Branca, em 28 de fevereiro passado, cancelou-se a assinatura de um documento que ressarciria Washington pelo dinheiro entregue à Ucrânia durante os últimos anos, com matérias-primas da nação eslava.

       Agora vem à luz um novo projeto, de 58 páginas, redigido pelos Estados Unidos, que abarca todos os recursos minerais, inclusive o petróleo e o gás natural, que, segundo o legislador ucraniano Yaroslav Zhelezniak, é “desvantajoso e terrível” para o país.

       O deputado, que recebeu uma cópia do documento, afirmou que nenhum dos 18 capítulos lhes favorece, já que as decisões serão tomadas por cinco pessoas, três delas dos Estados Unidos com pleno poder de veto.

       O texto abarca todos os combustíveis fósseis, incluídos o petróleo e o gás natural, e se estende a empresas estatais e privadas de qualquer parte da Ucrânia.

       Estabelece que os ganhos são imediatamente convertidos em moeda estrangeira, o dinheiro do fundo de lucros é mandado ao exterior e que, caso não se transfira por alguma razão, Kiev deverá compensá-lo.

       O acordo tem validade por prazo indeterminado e só pode ser modificado ou rescindido com a permissão de Washington. Os Estados Unidos serão o primeiro pais a receber 4 % de royalties do Fundo e se reserva o direito da “primeira noite” para os novos projetos de infraestruturas e poder de veto sobre a venda de recursos a outros países.

       Zelenski havia oferecido anteriormente ao governo estadunidense acesso aos recursos minerais de seu país, em troca de assistência e garantias de segurança para sustentar o conflito russo-ucraniano.

       Depois das fortes pressões de Trump, o regime ucraniano, segundo o seu presidente, está preparando-se para firmar o documento “a qualquer momento”.

       Em conclusão, depois de levar seu país a uma enorme guerra de desgaste, com dezenas de milhares de mortos, feridos, o deslocamento de numerosa população e a destruição de importantes infraestruturas, Zelenski está a ponto de converter a Ucrânia em uma colônia norte-americana.

* Jornalista cubano. Escreve para o diário Juventud Rebelde e o semanário Opciones. Autor dos livros “La Emigración cubana en Estados Unidos”, “Historias Secretas de Médicos Cubanos en África” e “Miami, dinero sucio”, entre outros.

 Ilustração: Adán Iglesias Toledo.

 Tradução: Marcia Choueri.

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