Os perigosos programas biológicos de WashingtonHedelberto López Blanch*Publicado em 29 de abril de 2025, em Cuba en ResumenTradução: Marcia Choueri

Após a operação especial militar da Rússia para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, foram descobertos nessa nação cerca de 20 laboratórios de armas biológicas sob a direção e controle de agências estadunidenses.
A partir do golpe de Estado contra o governo de Víctor Yanukovich, em fevereiro de 2014, a Ucrânia se converteu na ponta de lança dos Estados Unidos contra a Rússia, e Washington, o Pentágono e empresas transnacionais ali estabeleceram laboratórios militares para a criação de diversos tipos de patógenos biológicos.
Em diversas ocasiões, vários meios de comunicação denunciaram que a Agência dos Estados Unidos para a Redução das Ameaças (DTRA, pela sigla em inglês) dirigia mais de 20 laboratórios biológicos em território ucraniano.
A partir de 2016, a Ucrânia começou a realizar pesquisas sobre armas biológicas nos laboratórios biológicos construídos pela DTRA e sob o controle dessa agência. ‎
Após haver analisado os projetos que eram desenvolvidos em 15 laboratórios ocupados pelas tropas russas em regiões ucranianas, o ex-tenente general Ígor Kirílov, que até ser assassinado era chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica (NBQ) das Forças Armadas da Rússia, havia denunciado essas perigosas atividades.
Kirílov morreu em 17 de dezembro passado, junto com seu ajudante, quando saía de seu apartamento em Moscou, pela detonação de um artefato explosivo colocado por um cidadão de origem uzbeque, recrutado pelos serviços especiais ucranianos.
Em março de 2022, a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, María Zajárova, denunciou o envolvimento da elite política estadunidense na fabricação de armas biológicas na Ucrânia, e recordou que “em 2016 se detectou um surto de febre porcina entre os militares ucranianos que custodiavam o laboratório biológico em Járkov, que deixou 20 mortos, mas o incidente foi encoberto”.
Recentemente, o major general Alexei Rtishchev, chefe adjunto da NBQ, afirmou que o programa militar biológico dos Estados Unidos viola os requisitos da convenção sobre a proibição do desenvolvimento, produção e armazenamento de armas bacteriológicas e tóxicas e representa uma ameaça para a população civil e a segurança mundial.
Destacou que o Pentágono vigia cuidadosamente para que as informações sobre seu papel na investigação biológica na Ucrânia não sejam divulgadas, e qualquer publicação sobre o tema é declarada desinformação e eliminada.
Meios de inteligência russos asseguram que todos os casos de vazamentos intencionais ou acidentais de agentes causadores de enfermidades perigosas foram disfarçados como surtos naturais e foram eliminados por instituições sanitárias e epidemiológicas controladas.
O subchefe da NBQ denunciou que Washington está criando uma rede de laboratórios biológicos na África, e os documentos que a Rússia tem em mãos confirmam que a presença militar e biológica dos Estados Unidos no continente africano está crescendo a ritmo rápido. Nesse sentido, afirmou que a conformação de uma rede de laboratórios já afetou países como Gana, Quênia, Nigéria e Senegal.
O alto chefe militar detalhou que as sucursais do centro médico militar das forças navais dos Estados Unidos estão localizadas em Gana e Djibuti, onde se realiza um trabalho ativo em focos naturais de enfermidades, isolamento e sequência de patógenos.
No Quênia, o centro médico militar estadunidense montou uma rede de estações de campo para monitorar a propagação de enfermidades infecciosas nos Estados da África Equatorial, e foi fundado na Nigéria, em 2024, um centro conjunto de pesquisa médica e um laboratório médico militar das forças armadas daquele país, em cujo pessoal estão incluídos permanentemente especialistas militares estadunidenses.
No Senegal, informou Rtishchev, estão terminando a construção de um novo complexo de laboratórios, por 35 milhões de dólares, projeto que envolve as mesmas companhias contratistas do Pentágono do espaço pós-soviético: Armênia, Geórgia, Cazaquistão e Ucrânia.
A periculosidade desses experimentos, entre estes, o programa “genomas de patógenos”, que envolve mais de 20 instalações biológicas em 18 países, está em que têm como objetivo estudar a resistência dos patógenos aos fármacos.
Em conclusão, um enorme perigo se introduz, não só para a África, senão para os habitantes de todo o planeta, pela implementação dos programas biológicos militares estadunidenses em territórios de terceiros países.
As denúncias oportunas em organizações internacionais serão necessárias, para alertar e tratar de eliminar essas perigosas ameaças, que põem em risco a vida humana no planeta.
(*) Jornalista cubano. Escreve para o diário Juventud Rebelde e o semanário Opciones. É autor dos livros “La Emigración cubana en Estados Unidos”, “Historias Secretas de Médicos Cubanos en África” e “Miami, dinero sucio”, entre outros.
Foto: EFE.

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